A Câmara Municipal de Viçosa realizou, na última terça-feira (28), uma audiência pública que reuniu vereadores, gestores de saúde, ex-pacientes e representantes da sociedade civil para debater a retomada da pactuação com o Hospital do Câncer de Muriaé – Fundação Cristiano Varella (FCV), referência em tratamento oncológico no estado.
A iniciativa partiu do vereador Raphael Gustavo dos Santos (PSD), autor do Requerimento nº 26/2025. A pauta central foi a insatisfação com a atual referência oncológica em Ponte Nova, para onde os pacientes da microrregião foram redirecionados desde junho de 2023, após decisão istrativa dos secretários municipais de Saúde.
Durante a audiência, relatos emocionantes evidenciaram a precariedade da estrutura em Ponte Nova e reforçaram o clamor pelo retorno do atendimento em Muriaé. “Estamos tratando de vidas. A estrutura da Fundação Cristiano Varella salva pacientes e acolhe famílias”, disse Ezabely Lopes, ex-paciente, que sobreviveu a um linfoma graças à agilidade no início do tratamento em Muriaé.
Representantes da Fundação destacaram a capacidade técnica da instituição, que conta com 206 leitos, 68 poltronas para quimioterapia, quatro aceleradores lineares para radioterapia e uma casa de apoio que acolhe pacientes de fora da cidade com hospedagem e alimentação gratuitas. Segundo dados apresentados, mais de 85% dos atendimentos são realizados via SUS.
O deputado estadual Grego da Fundação esteve presente e esclareceu que a suspensão do atendimento em Muriaé foi uma decisão dos secretários municipais da microrregião, tomada em 2023, com anuência dos prefeitos. Ele garantiu que a repactuação é simples e depende apenas da vontade política das lideranças locais. “Não há impedimentos técnicos nem legais. O que falta é decisão política”, afirmou.
A vereadora Marly Coelho (PRD), o vereador Idelmino (PCdoB), representantes de Araponga, Cajuri, Canaã, Pedra do Anta e demais cidades também reforçaram o apelo coletivo por um atendimento mais digno, humano e eficaz. A atual realidade em Ponte Nova foi classificada como insustentável e desumana por diversas lideranças.
Ao fim da audiência, os participantes am uma carta de manifesto exigindo a revisão da decisão istrativa que alterou a pactuação oncológica da microrregião. O documento ressalta as dificuldades enfrentadas pelos pacientes e defende a excelência da FCV como critério central para a escolha do serviço de referência.
A expectativa agora recai sobre os prefeitos dos nove municípios envolvidos – Viçosa, Paula Cândido, Teixeiras, Araponga, Canaã, Cajuri, Porto Firme, Pedra do Anta e São Miguel do Anta – que têm o poder de reverter a decisão anterior e restabelecer a parceria com a fundação. Como enfatizou o deputado Grego: “Basta que autorizem seus secretários a levar o tema novamente aos conselhos municipais e ao Cosems”.